quarta-feira, 23 de novembro de 2011

CORRER DESCALÇO REDUZ IMPACTO NOS PÉS

“Ser humano evoluiu para correrem longas distâncias descalço; tênis acolchoados mudam a passada.”

O biólogo de Harvard e corredor Daniel Lieberman tinha uma pergunta: "como as pessoas conseguiam correr descalças?" E a resposta que obteve foi: "Muito melhor". Correr descalço parece ser, pelo menos, melhor para os pés, produzindo muito menos estresse de impacto na comparação com calçados de corrida caros e especiais, diz estudo realizado por Lieberman e publicado na revista científica Nature. O trabalho conclui que as pessoas parecem ter nascido para correr - descalças.
A pesquisa foi financiada por uma empresa que fabrica calçados que imitam a corrida descalça, mas Lieberman, que revelou voluntariamente o vínculo, disse que o patrocinador não teve influência nenhuma na elaboração ou no resultado do estudo. Pessoas que cresceram correndo descalças, como meninos da província de Rift Valley, no Quênia, tendem a pisar mais na parte frontal ou no meio do pé enquanto correm. Pessoas que sempre usaram calçados acolchoados, por outro lado, geralmente tocam o solo primeiro com os calcanhares.
A diferença na maneira em que o pé atinge o piso é importante. O estudo de Lieberman examinou os estresses nos pés de diferentes tipos de corrida e descobriu que pessoas com tênis de corrida atingem o solo com a massa da perna toda, ou cerca de 7%  do corpo. Isso é mais de três vezes o impacto de um corredor descalço.
"É realmente o jeito de atingir o solo", disse Lieberman, que é especializado em biologia evolutiva humana. "Quando você pisa, um pouco do seu corpo para de repente".
Para corredores usando tênis acolchoados, "é literalmente como se alguém desse uma martelada no seu calcanhar". Mas o estilo de corrida dos descalços é "mais ou menos livre de colisões".
Os corredores, no entanto, devem ser cautelosos antes de jogar os tênis fora. Se você mudar seu estilo de corrida muito depressa, "há uma boa chance de se machucar", adverte o cientista. O estudo não fez uma estatística dos ferimentos causados pelos diversos estilos de corrida. Essa questão fica para uma pesquisa futura.


VANTAGEM EM CORRER DESCALÇO: "Para 95% ou mais da população, correr descalço fatalmente terminará em meu consultório", afirmou recentemente ao jornal The New York Times o Dr. Lewis Maharam, diretor médico dos Corredores de Rua de Nova York, grupo que organiza a maratona da cidade. Segundo ele, "como indivíduos biomecanicamente perfeitos são raros, a grande maioria das pessoas necessita de algum tipo de calçado, seja ele de suporte ou para correção".
Ortopedista, traumatologista e triatleta nas horas vagas (já completou dois Ironman, quatro maratonas e várias outras provas de resistência), Clauber Eduardo Tieppo, 44 anos, não concorda com essa tese. Para ele, que se formou em 1988 pela Faculdade de Medicina de Botucatu-Unesp, SP, e tem especialidade em cirurgia de joelho e trauma desportivo, é preciso levar em consideração a capacidade de adaptação que os pés descalços apresentam. Na defesa do seu ponto de vista, cita estudo realizado pelo Laboratório de Biomecânica da Universidade de São Paulo.


FUTURO DUVIDOSO: Um número ainda pequeno, mas crescente, de corredores passou a acreditar na corrida ao natural - se não 100% descalço, quanto mais próximo disso melhor. Além do livro "Nascido para Correr", de Christopher McDougall, um best-seller recente, alguns métodos de treinamento (Chi Running e Pose) estão pondo lenha na fogueira. Para essa turma, prevalece o conceito de que o pé nu é perfeitamente capaz de correr longas distâncias, e que "enjaulá-lo" nos tênis modernos enfraquece músculos e ligamentos, bloqueando a recepção dos sinais sensoriais enviados pelo contato com o terreno.Muitos profissionais concordam que embora correr descalço possa trazer benefícios, aqueles que se sentirem tentados a fazê-lo - ou a experimentar algo próximo disso - precisam começar devagar, exatamente como fazem quando procuram alterar qualquer dos seus outros hábitos de corrida.
Em meio a toda essa controvérsia, correr descalço e caminhar de forma natural passaram a ser objeto de intensas pesquisas por praticamente todos os fabricantes do setor de calçados. As companhias simplesmente não desejam perder o bonde, caso o movimento deixe de ser um modismo passageiro. Direta ou não, uma consequência prática disso já pode ser vista no mercado: na busca pelo mínimo, muitos modelos estão sendo construídos com menos material.


A situação pode ser resumida numa difícil questão: embora ainda incipiente, o movimento dos corredores descalços existe, e os fabricantes de tênis precisam tomar posição. Se afirmarem que o que estão fazendo hoje é o certo, estarão dizendo, em outras palavras, que tudo que foi feito até ontem esteve errado. Embora a grande maioria dos corredores não possa sequer pensar em trotar descalça, muitos outros seguramente estarão prontos para dar meia-volta e conferir se, nos pés, menos pode realmente ser mais.




EQUIPE: Larissa Melo, Sinla, Maithe, Leticia, Mariana e Dayane.

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